Barriguinha de chope pode ser uma das vilãs de doenças cardiovasculares
A alcunha de mal do
século dada ao movimento literário dos anos de 1800 denomina com
propriedade os problemas do coração no século 21. Menos românticas do
que as histórias de amor não correspondidas, as enfermidades envolvendo
esse órgão vital estão entre os principais fatores de morte em todo o
mundo. No Brasil, as doenças cardiovasculares são a terceira maior
causa, atrás apenas de ocorrências violentas e de acidentes de trânsito.
No Dia Mundial da Saúde do Coração, comemorado hoje, essas constatações
acendem a luz amarela, principalmente para quem acumula gordura na
região abdominal. Muita gente passou a prestar atenção aos riscos desse
problema com as medidas do ex-jogador de futebol Ronaldo Nazário, o
Fenômeno, exemplo do que a alimentação incorreta e um período de
sedentarismo podem fazer até mesmo com atletas de alta performance.
Há
alguns mitos a serem derrubados em relação aos fatores de risco para
doenças cardiovasculares. Um deles é a inocência da barriguinha de
chope, até então livre de muitas preocupações, desde que a pessoa fosse
magra. Porém, estudo recente da organização norte-americana Clínica Mayo
realizado com 12.785 pessoas revelou que aquelas com gordura acumulada
na região abdominal, mesmo estando no peso ideal, correm mais risco de
morrer em decorrência de doenças cardiovasculares do que obesos com
distribuição uniforme da gordura no corpo. O risco de morte foi 2,75
vezes maior em pessoas com obesidade abdominal em comparação com quem
tinha a circunferência normal, mesmo ambos os grupos estando com índice
de massa corporal (IMC) normal. O tempo médio de acompanhamento foi de
pouco mais de 14 anos e, nesse período, houve 2.562 mortes, entre as
quais 1.138 relacionadas a problemas cardiovasculares.
Luiz
Vicente Berti, cirurgião do aparelho digestivo e diretor do Centro de
Cirurgia Obesidade e Metabólica, de São Paulo, esclarece que o estilo de
vida da atualidade, que leva a população a ser mais sedentária e a
ingerir mais alimentos industrializados, favorece a obesidade abdominal.
“Os alimentos industrializados são de digestão mais fácil. Com isso, as
pessoas comem mais e, sem prática de atividades físicas e,
consequentemente, menos gasto de energia, há um acúmulo muito grande de
gordura no abdômen, o que compromete os órgãos presentes nessa caixa.”
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