sexta-feira, 4 de maio de 2012


Ainda debilitado, Lula recebe homenagens no Rio

Mais rouco que de costume, Lula disse que era um dia inesquecível para ele

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi homenageado nesta sexta-feira (4) com título de Doutor Honoris Causa por cinco universidades públicas no Rio de Janeiro. Ao entrar no palco do Teatro João Caetano, no centro, Lula precisou ser amparado.
Ele ainda se recupera de um câncer na laringe e, devido a isso, chegou a usar uma bengala em outro evento na capital fluminense, na última quinta-feira (3). Enquanto o público cantava o verso ‘ Lula, guerreiro do povo brasileiro’, a presidente Dilma Rousseff, que também estava presente na cerimônia, foi às lágrimas.

Antes de iniciar o seu discurso, o ex-presidente pediu desculpas por falar de improviso e por permanecer sentado, por causa de seu problema de saúde. Com a voz mais rouca que a de costume, Lula agradeceu a honraria e disse que esse era um dia inesquecível para ele.


— Vocês não podem imaginar o que significa para alguém como eu, que não teve oportunidades escolares que todo jovem deveria ter, mas que sempre acreditou no potencial libertador do conhecimento, e que a vida inteira apoiou a luta pela educação, tornar-se Doutor Honoris Causa destas magníficas universidades.


Ao citar as realizações conquistadas no seu governo, Lula disse que o país vinha de décadas perdidas e de um passado de frustração e ceticismo. Lembrou que 28 milhões de brasileiros deixaram a miséria e do aumento da classe média, ao dizer que resgatou uma dívida que o país tinha com os pobres e excluídos.
O ex- presidente também comemorou a queda da desigualdade social e da mortalidade infantil e a ampliação do consumo, criticando novamente, ainda que de forma velada, os governos anteriores.

— Não governamos mais para um terço da população como se fazia antes.


Sobre a educação, Lula disse que sempre defendeu a tese de que dinheiro público aplicado no setor é investimento e não gasto, ressaltando que quase triplicou o orçamento da área.


O ex-presidente afirmou que a educação é estratégica para o crescimento do país e que conseguiu quebrar o mito de que busca de qualidade na Educação Básica e no nível superior de forma concomitante não era possível. Segundo ele, esse argumento era usado para justificar o abandono das universidades do país, citando ainda o aumento dos brasileiros com nível superior.


Lula ainda brincou dizendo que se sente em casa no Rio, cidade que freqüenta há 40 anos, sem que nunca ninguém o tenha levado para a praia. Ao falar do Estado, o ex-presidente elogiou o combate à criminalidade, o resgate da autoestima dos fluminenses e os investimentos no Rio.


O governador do Rio, Sérgio Cabral, também estava no evento e, ao ser anunciado, parte da platéia fez menção a vaiá-lo. No entanto, ele escapou da manifestação ao entrar no palco com a Presidente Dilma, fortemente aplaudida.


Nas últimas semanas, Cabral vem sendo questionado por suas relações pessoais com o ex-presidente da Delta Construção, Fernando Cavendish. A empreiteira, que venceu boa parte das concorrências por obras no Estado e tem a maioria de seus negócios com o poder público, é alvo de uma CPI, por seu envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira.


Saia justa


A cerimônia teve dois momentos de saia justa. O primeiro foi quando a atriz Camila Pitanga, que apresentava a solenidade, quebrou o protocolo para pedir o veto da presidente Dilma Roussef ao código florestal, aprovado em Brasília. A atriz foi muito aplaudida pela platéia.


— Presidenta Dilma, eu vou quebrar só um pouco o protocolo para fazer um pedido: Veta, Dilma.


Em um segundo momento, o reitor da UFF (Universidade Federal Fluminense), Roberto Sales, criticou o salários dos professores brasileiros, dizendo que o piso definido pelo Ministério da Educação não era aplicado em todos os estados. Além disso, ele também pediu que a presidente Dilma aplicasse 10 % no PIB (Produto Interno Bruto) no setor. No entando, o percentual aprovado pelo governo é de 7%.


A cerimônia de homenagem durou cerca de duas horas e a Presidente Dilma não discursou. Ela também evitou a imprensa na saída do teatro.

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