domingo, 21 de novembro de 2010

Poesia de Castro Alves

   AS TRÊS IRMÃS DO POETA


É noite! as sombras correm nebulosas
Vão três palidas virgens silenciosas
Através da prócela irrequita 
Vão três pálidas virgens...não sombrias
 Rindo colar um beijo as bocas frias...

Na fonte císmadora do-poeta

"Saúde, irmão! Eu sou a indiferença
Sou eu quem te sepulta a ideia 
Imensa, quem no teu nome a escuridão projeta...
Fui eu que te vesti do meu sudário...
Que vais fazer tão triste e solitário?..."
"Eu lutarei!"-responde-lhe o poeta.
"Saúde, meu irmão!eu sou a fome 
Sou eu quem o negro pão consome...
O   teu mísero pão, mísero atleta!
Hoje, amanhã,depois...depois(qu'impota?)
Virei sempre sentar-me a tua porta..."

"Eu sofrerei!"-respode-lhe o poeta

Saúde,meu irmão! eu sou a morte
Suspende em meio o hino augusto e forte
Marquei-te a fronte,mísero profeta!
Volue ao nada! não sentes neste
Enleio teu cãntico gelar-se no meio seio?!"

"Eu cantarei no céu"-diz-lhe o poeta!

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